Se tem uma ideia ou um projeto provavelmente já se questionou sobre o que é o crowdfunding. Trata-se de um mecanismo, digital e relativamente recente, de angariar dinheiro pedindo a muitas pessoas que contribuam com fundos, geralmente em pequenas quantias, para um empreendimento ou causa específica. Também conhecido por financiamento colaborativo, este procedimento de angariação de fundos visava na sua génese financiar, de forma independente, projectos como filmes, livros ou ideias de software apresentados através de plataformas especiais de financiamento colectivo e procurados por apoiadores, ou seja, financiadores específicos. Mas tão importante como saber do que se trata, importa saber como fazer um crowdfunding.
Graças ao avanço da internet, o crowdfunding desenvolveu-se de forma rápida e massiva como uma forma de financiamento alternativo. Desde as origens do crowdfunding até hoje, o perfil dos investidores evoluiu, bem como a própria natureza dos projectos. Nos seus primórdios, os projectos nas áreas de arte, música, cinema ou literatura eram principalmente os financiados, visto que os seus promotores não conseguiam através de empréstimos bancários, ou outros métodos mais tradicionais de financiamento, muitas vezes arrecadar os fundos necessários, utilizavam então o crowdfundig como um meio alternativo e confiável.
O que é o crowdfunding hoje em dia?
Actualmente, o conceito de crowdfunding expandiu-se e tornou-se um pouco mais abrangente. Sendo que, hoje existem formas diferentes de financiar o mesmo projecto com várias plataformas de crowdfunding e os projectos em si não se limitam a iniciativas artísticas ou de pequena dimensão.
Em termos comparativos, o crowdfunding é igualável a uma doação. Os investidores, em troca, não recebem juros ou dividendos, mas sim os próprios bens ou alguns privilégios. Por exemplo, o investidor pode receber uma versão exclusiva de um livro ou receber informações únicas e inclusive menções nos créditos de um filme que esteja para ser lançado. Em alguns casos, os doadores também recebem comprovativos de doação, podendo assim usufruir de vantagens fiscais. Os privilégios dados são, por norma, proporcionais ao valor do investimento: quem dá mais dinheiro, recebe uma recompensa mais exclusiva.
É importante notar que o crowdfunding não substitui as soluções tradicionais de financiamento, mas posiciona-se como uma forma alternativa de investimento num contexto global marcado de forma preponderante pelo consumo colaborativo e pela produção participativa.
Os diferentes tipos de crowdfunding
O crowdfunding, embora seja um fenómeno relativamente novo para empresas empreendedoras que angariam fundos ou capital próprio, está a crescer rapidamente em todo o mundo. A empresa de pesquisas e análises Massolution estimava em 2015 que o mercado de crowdfunding em todo o mundo era de 16,2 biliões de dólares em 2015, hoje esse mercado ronda aos 34,4 biliões. No entanto, existem vários tipos de plataformas de crowdfunding e cada uma dessas plataformas responde a um tipo muito específico de financiamento colectivo e, portanto, trabalha de acordo com um modelo específico. Entre elas, distingue-se três tipos:
Doação (com ou sem princípio de recompensa)
O primeiro tipo de crowdfunding e o mais antigo é o de doação. O princípio é simples: uma pessoa física ou legal doa uma certa quantia para financiar um projecto ou produto sem esperar um retorno financeiro. Essa prática aplica-se com mais frequência a áreas associativas ou pessoais. Certas plataformas especializaram-se na colecção de doações para associações. Mas, por si só, cada associação que lança campanhas de doação, é em si um actor dentro do princípio de crowdfunding. Existem igualmente plataformas que operam com o princípio de doação com consideração, mas não financeira. Nesse modelo, uma pessoa fornece um valor ao líder do projecto em troca de uma recompensa, que pode ser um presente de agradecimento pela doação.
Empréstimos (gratuitos ou pagos)
O segundo tipo de crowdfunding é o empréstimo. Geralmente conhecido por crowdlending, é uma simbiose entre o financiamento colectivo e, ao mesmo tempo, um investimento. A abordagem neste tipo é bastante próxima da das instituições bancárias. Uma pessoa legal ou física empresta um valor para o financiamento de um projecto específico. Esse valor é devolvido com ou sem juros de acordo com os termos estabelecidos pelo líder do projecto. Aqui importa fazer distinção entre as plataformas, que se dividem em: empréstimo especial – feito para indivíduos particulares, sem necessidade de juros, e empréstimo comercial – feito para negócios, no qual estão associados reembolsos com juros e obrigações jurídicas em caso de surgimento de uma falha entre os mutuários. Em ambos os casos, uma entidade terceira é necessária para garantir a transparência da operação.
Investimento participativo ou financiamento por meio da assinatura de títulos de capital ou dívida
Finalmente, o último tipo de crowdfunding é o do investimento participativo. Igualmente, poderão ser feitas certas distinções com relação à natureza do investimento e do método de remuneração, podendo este, por exemplo, estar ligado ao financiamento das startups sendo que em troca, o investidor recebe acções desta empresa e, portanto, se torna, em consequência, accionista. A remuneração financeira ocorre por meio de dividendos ou valor agregado. Na mesma ordem de ideias, o investidor pode também financiar um projecto específico, sendo que a remuneração do investidor também é feita por pagamentos de juros após a assinatura de títulos pelo financiamento desse projecto.
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Como fazer?
Sabendo o que é o um crowdfunding, o primeiro passo para iniciar uma campanha deste género passa por saber quais os caminhos a seguir. O segundo passo será escolher uma plataforma de financiamento colectivo. Existem várias opções de plataformas e vários tipos de comissionamento que, em geral, variam de 5% a 15%.
Ao criar a conta numa plataforma, poderá incluir na sua campanha de financiamento a descrição do projecto, o valor desejado e também as recompensas que cada um poderá ganhar conforme o tipo de financiamento a seguir.
Descrição do projecto
A descrição do projecto é o momento essencial para fazer o investidor perceber a ideia ou produto no qual irá investir. É necessário investir numa boa comunicação e usar bem o espaço de texto e incluir imagens, vídeos e declarações que possam ajudar a convencer o potencial investidor/ doador.
Valor e modalidade de crowdfunding
A definição do valor é um passo muito importante. Ele precisa ser condizente com o que é proposto e ao mesmo tempo ser atraente para quem deseja ajudar. Outro ponto importante na hora de definir a campanha é saber qual será a modalidade. Normalmente as plataformas oferecem dois tipos: “tudo ou nada” e “flexível”. Na primeira, o líder do projecto só recebe o valor se atingir o total dentro do prazo estipulado. Caso contrário, o valor é devolvido para quem financiou. Na modalidade flexível, ao final do prazo, será recebido o valor que foi doado, independentemente de ter alcançado ou não a meta.
Esquema de recompensas e níveis de financiamento
Outra parte que determina o sucesso de um crowdfunding é como funcionarão as recompensas. Cada faixa de financiamento poderá ter uma recompensa que é escolhida pelo dono da campanha. No entanto, existe também a possibilidade de ser uma plataforma onde cada valor entregue para o financiamento seja na verdade um investimento. Nesse caso, a recompensa serão os lucros do valor investido, com as nuances já anteriormente explicadas.
Com todos os passos concluídos, a campanha poderá ir ser colocada online e começar a receber os valores. É importante frisar que o dono da campanha fica responsável pela divulgação. Sendo assim, é preciso divulgar usando os meios à disposição para convencer o máximo de pessoas a ajudar o seu projecto.
Em resumo, o crowdfunding implica um grande número de doadores, que financiam um projecto com quantias de valor individual menor. A participação no crowdfunding, em princípio, é comparável a uma doação. Em troca, os financiadores geralmente recebem bens materiais ou certos privilégios relacionados com os projectos. No entanto, o conceito expandiu-se e actualmente inclui a possibilidade de um financiamento do qual o investidor espera obter juros ou uma participação nos lucros.
É recomendável que antes de participar numa campanha de crowdfunding, se informe sobre o que acontecerá com o seu dinheiro caso o projecto falhe ou não venha a se concretizar.
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